Outro dia eu vi um caixa eletrônico do Banco do Brasil iniciando (a maioria dos caixas eletrônicos é baseada em PCs comuns). Para a minha surpresa, eles usam o OS/2 Warp, um sistema operacional velhinho que, durante boa parte da década de 1990, foi mais avançado que as versões então disponíveis do Windows. Entretanto ele nunca "pegou" de verdade, talvez por função de dependência de trajetória, como é comum no mercado de tecnologia. Afinal, ainda que o mercado de PCs ainda engatinhasse, a maioria dos computares já vinha equipada com o MS-DOS e o Windows, e as pessoas se acostumaram a eles. Segundo a Wikipedia, ele alcançou, entretanto, uma boa participação no mercado de caixas eletrônicos.
Falando em dependência de trajetória, um dos exemplos preferidos do fenômeno é a persistência do layout de teclado QWERTY, apesar de suas supostas deficiências. Pode ser, porém, que esse não seja um bom exemplo.
A falta de conteúdo da Internet em português é alarmante. Eu faço uma pesquisa sobre "dependência de trajetória" e olha o que eu encontro:
Para quem não acompanhou a confusão Dilma-Folha: em 5 de abril deste ano, a Folha publicou a imagem de uma ficha que traria os crimes da hoje ministra Dilma Roussef durante seus tempos de guerrilheira. A Folha incluiu a seguinte legenda na imagem: "Ficha de Dilma após ser presa com crimes atribuídos a ela, mas que ela não cometeu". Segundo o jornal, a foto seria do arquivo do DOPS.
Isso me deixou estupefato. Semanas antes eu tinha recebido por e-mail a tal imagem. E foi por meio de um e-mail sem muito pedigree, daqueles Fw:FW:Enc:FW:ENC. Achei a ficha relativamente interessante, apesar de ser obviamente uma criação digital recente, não muito bem feita. Creio que quem criou a suposta ficha queria apenas chamar a atenção para esse lado menos conhecido da vida da ministra, mas sem a pretensão que se pensasse que o "documento" fosse real.
Quando vi que o jornal havia publicado a tal ficha, quase caí para trás. Qual seria o próximo passo? Noticiar o fim iminente do Portal Domínio Público?
A ministra protestou, questionando a autencidade da imagem. A Folha se retratou e fez diversos mea-culpa. Recentemente foi publicado que a análise da ficha revelou que ela se tratava de uma montagem.
A pergunta é: como é que os caras da Folha não perceberam, logo de cara, que se tratava de uma montagem? É evidente que a ficha é falsa.
Vamos lá:
1 - A letra em azul na ficha é uma velha conhecida, a Arial tamanho 8. A Arial é de 1982, ou seja, posterior à suposta feitura da ficha. Compare abaixo, com a letra da ficha no lado esquerdo, comparado com a Arial 8. São idênticas.
2 - A letra em preto e marrom da fixa é a Courier. Ela já existia na década de 1960, mas se ela tivesse sido impressa por máquina de escrever, não poderíamos identificar pontos (pixels) individuais, como vemos na curvatura do "c" maiúsculo.
3 - Ao redor das letras podemos notar artefatos de compressão. São os "grãozinhos" que são vistos onde há texto. Se a ficha tivesse sido escaneada e salva em formato com alta compressão, esperaríamos que esses artefatos estivessem espalhados de forma mais uniforme sobre a imagem. O fato deles estarem junto a onde há texto indica que a imagem foi editada diversas vezes e que o texto foi incluído de forma separada do fundo.
4 - Os "danos" ao "papel" da ficha são mal feitos e alguns se repetem.
Quem criou a ficha provavelmente não é simpático à ministra, o que é completamente defensável em uma democracia. Só que ao criar a tal ficha, e com a "ajuda" dos "aloprados" da Folha, acabou por dar munição à ministra.
Segundo a literatura sobre felicidade (um tópico complexo e controverso, um ponto de partida razoável é este) a felicidade que um indivíduo declara sentir é relativamente estável ao longo do tempo. Ela seria, inclusive, razoavelmente independente dos fatos (bons ou ruins) que lhe acontecem.
Um importante componente da felicidade, entretanto, que é a diferença entre o que se deseja e o que se tem (ou seja, desejo menos realidade), encontra-se em parte sob controle volitivo, ou seja, sob controle consciente. Assim, como ensina o budismo, já que a nossa capacidade de intervir positivamente na realidade é naturalmente limitada, uma das maneiras de buscar ser ser mais feliz é procurar reduzir o desejo do prazer. Isso não quer dizer necessariamente privação, mas sim o controle daquilo que essa filosofia denomina apego. Não é necessariamente desistir de buscar mais , apenas não desejar (e esperar) tanto.
Esse é o primeiro motivo para eu não ver com bons olhos esta música:
Beijar Na Boca - Cogumelo Plutão
Eu estava numa vida de horror Com a cabeça baixa sem niguém me dar valor Andava atrás Da minha paz
Agora que mudou a situação Choveu na minha horta vai sobrar na plantação Deixei para atrás Pois tanto faz
Eu quero mais, é beijar na boca Eu quero mais, é beijar na boca Eu quero mais Eu quero mais, é beijar na boca E ser feliz Daqui para frente Para sempre
Já que livrei daquela vida tão vulgar Me vacinei de tudo que podia me pegar Corri atrás Quem tenta faz Eu quero mais mais mais mais mais
Eu quero mais, é beijar na boca Eu quero mais, é beijar na boca Eu quero mais Eu quero mais, é beijar na boca E ser feliz Daqui para frente Para sempre
Poxa, ser feliz para sempre? Isso é por definição o máximo que se pode ter como desejo (conseguir fazer um moonwalk perfeito chega perto).
É por isso que eu sempre digo: não baseie sua filosofia de vida em uma música pop-rock com forte vocação para virar hit no carnaval de Salvador na voz de uma cantora que adiciona consoantes mercadológicas no nome.
O segundo motivo para não gostar da música é que tem uma academia de ginástica no meu prédio, que coloca a bendita para tocar todo dia na maior altura (na versão da cantora que adiciona consoantes mercadológicas no nome).
Conheci este blog outro dia, via Folha de São Paulo (que vergonha...). O estilo é interessante, como um SWPL brasileiro. Pena que parece que morreu - dá para ler todos os posts rapidinho. Uma pena.
Um dia desses eu participei de uma dinâmica de grupo. Uma das atividades que tínhamos que fazer era pegar uma folha de papel, canetinhas, revistas, tesoura e cola e fazer uma apresentação sobre nossa família, nosso trabalho e sobre nós mesmos. Em especial, tínhamos que recortar uma figura da revista com a qual nos identificássemos e explicar porque nos identificamos.
Falar sobre família e trabalho foi ok. Mas e para achar alguém com quem eu me identificasse na revista?
Queria recortar alguém com terno e gravata ("é assim que eu me vejo daqui a cinco anos, etc"), mas todo mundo que eu achava na revista (era uma semanal famosa) vestido com terno e gravata era bandido, ou suspeito de ser bandido. O tempo era curto e estava quase acabando... Eu não queria sair de lá caracterizado como alguém que não conseguia aproveitar estratégicamente o tempo oferecido para criar soluções ganha-ganha para o meu ambiente organizacional e para os clientes.
A partir daí foi fácil. Foi só eu falar que, além de parecer fisicamente com o protagonista (é o que dizem), eu também sou fã de Bollywood e trabalhei num call-center, além de me sustentar quando moleque sendo pseudo-guia no Taj Mahal.
Ou então eu falei alguma coisa sobre metas e objetivos, e lutar para alcançá-los. Foi algo assim.